A palavra inovação aparece cada vez mais frequentemente no ambiente empresarial e passa a ser o alvo de atenção das empresas líderes de mercado, com ambição de se manter em setores competitivos
A inovação no sentido mais amplo da palavra não se limita ao desenvolvimento de novos produtos, mas percorre toda a hierarquia de uma organização deixando claro os pontos importantes, que muitas vezes não são considerados e são vitais para manter a competitividade e a sobrevivência no longo prazo.
Porém, desde de 2011 o termo ecossistema de inovação tem se destacado no mercado, ganhando espaço dentro da sede das empresas, consultorias de gestão e artigos governamentais de desenvolvimento econômico.
Fonte: Revista Época Negócios - Habitat que o Hub de inovação do Bradesco em São Paulo.
O que as empresas têm buscado na participação desses ambientes?
Segundo Nick Skillicorn, fundador da Improvides Innovation Consulting, temos pelos menos 15 motivos, e os de maiores destaque são: ter ideias novas, executar novas ideias, adicionar valor à empresa e adicionar valor ao consumidor.
Na news de hoje vamos entender mais a fundo de que se tratam esses tais ecossistemas de inovação e como o cooperativismo pode se conectar com esse tema.
O QUE É um ecossistema de inovação?
Segundo a Fundação Certi, um ecossistema de inovação é um ambiente que proporciona a interação de diferentes atores que inovam.
De forma mais teórica, ecossistema de inovação refere-se aos sistemas inter organizacionais, políticos, econômicos, ambientais e tecnológicos da inovação, em que ocorre a catalisação, sustentação e apoio ao crescimento de negócios.
Em outras palavras, é um ambiente que favorece o desenvolvimento de negócios com o foco em tecnologia e inovação, onde os agentes retroalimentam o ecossistema com ações de colaboração mútua.
O QUE FAZ um ecossistema de inovação?
Um ecossistema de inovação é formado basicamente de um conjunto de atores e mecanismos de estímulo à cooperação, como incubadoras, parques tecnológicos, associações e ambientes de inovação de todos os tipos. Esses locais são o ponto focal, por exemplo, para a criação de programas para a promoção de novos talentos, ambientes para palestras sobre inovação, rodadas de negócio, novas ideias e projetos, entre outras.
Trabalhando juntas, as empresas são beneficiadas por fatores como: troca de experiências, reconhecimento da comunidade, redes de conexão e proximidade com novos talentos.
ONDE ESTÃO os ecossistemas de inovação?
Para nos aprofundarmos no assunto com base em números, existem mais de 40 ecossistemas espalhados por todo o globo terrestre, cujo desempenho pode ser acompanhado pela plataforma do Startup Genome. Vamos dar destaque para alguns desses ecossistemas:
São Francisco - Estados Unidos
Fonte: Spotlight - Foto da fachada do Google no Sillicon Valley.
Batizada como Vale do Silício, ou Silicon Valley, a cidade de São Francisco na Califórnia (EUA), possui um dos ecossistemas mais requisitados pelo turismo tecnológico e empresarial atual. Ela recebeu esse nome devido ao grande uso de silício pelas empresas de tecnologia nos anos 70, tais como a AMD e INTEL.
Esse ecossistema possui reconhecimento internacional como polo de Inteligência Artificial e Ciências da Vida, além de destaque em projetos de Fintech. Sete dos dez maiores investidores do mundo - empresas como Google, Facebook e Apple - estão sediados no Vale do Silício.
Observando tendências futuras, apenas em 2019 - ou seja, esse ano - o mercado de Fintechs nos EUA já cresceu 38% e movimentou mais que os bancos tradicionais em operações de crédito sem garantia, segundo estudos realizados pela empresa TransUnion e publicados pela Fintechlabs.
Tel Aviv - Israel
Segundo Uzi Scheffer - CEO da SOSA - Tel Aviv “é o ecossistema de startups mais desenvolvido do mundo”. Israel tem mais startups per capita do que qualquer outro país e suas startups levantaram coletivamente US$ 6,47 bilhões em 2018.
Reconhecido internacionalmente como polo de Ciber Segurança e Inteligência Artificial, tem se desenvolvido bastante pelas suas oportunidades e por conseguir ser mais competitivo com relação a mão de obra do que outras localidades, além de conseguirem desenvolver bem o trabalho de ecossistema, relacionando universidades, aceleradoras, incubadoras, startups, governo, indústrias, fundos de investimento.
Berlim - Alemanha
Outro ecossistema de destaque é o de Berlim. Com um apoio bem forte de líderes e organizações governamentais, esse polo consegue conectar diversos Hubs de Inovação da Europa tornando o seu ecossistema ainda mais forte.
Josephina Nungesser, do GTAI (Empresa de Inovação e Investimentos da Alemanha), uma agência de promoção econômica do governo alemão, fez o seguinte comentário no ano passado: “A nossa ideia é juntar todos esses players e conectar os hubs com os de outras regiões, para que uns ajudem os outros e desenvolvam novas soluções tecnológicas, por exemplo, para cidades inteligentes e segurança cibernética (cyber security)”.
Infográfico de Fintechs por segmento em Berlim.
A referência desse ecossistema é o setor de Fintech. O ecossistema Fintech de Berlim é o lar de inúmeras organizações de suporte a startups, como a FinLeap, uma empresa de Venture Capital (VC) - um tipo de fundo de investimento focado em capital de crescimento para empresas de médio porte que ainda precisam dar um salto de crescimento. A FinLeap foca seus investimentos em Fintechs e opera um dos maiores hubs para startups na Europa, o H:32.
Executivos, como o Deutsche Bank e Axel Springer, administram laboratórios de inovação e programas de aceleração, mas a parte mais empolgante são as próprias startups. Esse mercado movimentou bilhões de dólares em investimentos em mais de 50 das principais startups do mercado financeiro.
Inovação no mercado financeiro
Fonte: Fundação Estudar - Fachado do prédio do NuBank em São Paulo, empresa brasileira que está avaliada em mais de US$ 4 bilhões.
Quando pensamos em mercado financeiro, percebemos que o setor de Fintech vem revolucionando o mercado financeiro e tem atuado de maneira disruptiva no cenário global. As empresas que se destacam nesse setor têm atuado com cada vez mais operações bancárias com taxa 0%, foco no cliente e agilidade no atendimento.
O Nubank é um dos cases de sucesso no Brasil. Fundada em 2014, a startup iniciou a oferta de serviços para seus clientes com o cartão de crédito sem anuidade e taxas mais reduzidas que a média do mercado. Com um serviço 100% digital, sem agências e gerentes de conta, a empresa agora disponibiliza outras modalidades de serviços, como a conta corrente, programas de pontos do cartão de crédito e aplicações financeiras.
Olhando para o ecossistema de São Francisco, podemos dar destaque para a Stripe, que é uma fintech de meios de pagamento pela internet e seu sucesso pode ser constatado ao avaliar sua base de clientes. Entre eles, estão gigantes como a Google, Amazon e Uber. Entre as vantagens de seu software, estão a agilidade no processamento da venda e sua integração facilitada com diferentes estruturas de sites.
Segundo o relatório Fintech na América Latina 2018: crescimento e consolidação, publicado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), novos empreendimentos Fintech cresceram 66% em relação a 2017.
A instituição Finnovation fez o levantamento em conjunto com o Finnovista e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), e mapeou no Brasil, os segmentos com maior quantidade de fintechs, visiveis nas imagens abaixo.
Um número que chama a atenção é o de fintechs oferecendo serviços de Banco Digital. Neste segmento, que mostra acelerado crescimento nos últimos meses, estão abrangidos os bancos, como Inter, Neon e Agibank, assim como as empresas de meio de pagamentos - que oferecem contas pré-pagas com experiência digital, como o Nubank. Isto demonstra o potencial de oferta muito grande de uma experiências digitais para serviços bancários visando se relacionar com as gerações mais conectadas.
E no cooperativismo?
Quem conhece o Joãozinho da Saromcredi, em São Roque de Minas, com certeza já ouviu muitas histórias inspiradoras. Uma delas que consideramos um ótimo exemplo nesse caso é sobre como o Joãozinho percebeu que as fazendas de queijo da Serra da Canastra tinham tudo para multiplicar exponencialmente seu valor.
A história começa em uma missão para França, em que o grupo foi visitar o funcionamento das cooperativas e bancos cooperativos franceses. Chegando lá, Joãozinho observou que dentre todos os finíssimos queijos franceses, o mais caro e refinado era o ‘queijo de leite cru’. Ora pois, como poderia um queijo análogo ao Queijo da Canastra, tão pouco valorizado no Brasil até então, ser considerado a maior riqueza lá fora?
A partir daí, se resta apenas uma coisa a se fazer. Nos anos que seguiram essa experiência e inspiração internacional, o Queijo da Canastra participou de diversas premiações na França - sendo coroado com medalhas de bronze, prata, ouro e superouro. Como impacto dessa inovação, o preço médio da peça de queijo foi de R$10 a R$12, para valores entre R$50 a R$70/ a peça.
Não é a toa que a qualidade de vida em São Roque de Minas disparou demais da conta - e hoje é uma cidade com o crescimento comparável aos tigres asiáticos.
E você, como tem se inspirado para trazer inovação para a sua cooperativa?
Se você gostou desse assunto e se animou com a ideia de conhecer ecossistemas de inovação fora do país para potencializar a sua atuação aqui quando voltar, entre em contato conosco!