Líderes inovadores incorporam a inovação ao seu propósito maior, sendo engajados em gerar valor para todos seus stakeholders, incluindo seus colaboradores - que trabalham imersos em uma forte cultura de inovação.
O capitalismo consciente é um movimento recente cuja origem remonta ao ano de 2007, quando John Mackey, CEO da WholeFoods publicou seu livro, Firms of Endearment. Traduzido como “Empresas Humanizadas”, o livro põe luz sobre práticas que permitem que as empresas mantenham uma alta reputação e fidelização dos clientes - sem contar com investimentos maciços em marketing e propaganda.
De lá para cá, muito se evoluiu nesse tema, de modo que hoje o Capitalismo Consciente, além de ser um movimento global, também sistematizou essa área de conhecimento nos quatro pilares das organizações conscientes.
Quando perguntamos para referências do movimento sobre por onde começar para ter negócios conscientes, a resposta é sempre clara: comece pela liderança (assista o Documentário Propósito, produzido pelo Instituto Anga).
A lógica por trás da resposta é muito simples. Uma organização pode até ter um propósito maior, mas com uma liderança inconsciente, dificilmente haverá um ambiente propício para a existência de uma cultura consciente, que respeite e acolha seus colaboradores. Além disso, as lideranças inconscientes focam apenas em resultados, sem expandir o olhar para a geração de valor para todos os stakeholders.
Quando pensamos em inovação, a mesma lógica se aplica.
Líderes inovadores incorporam a inovação ao seu propósito maior, sendo engajados em gerar valor para todos seus stakeholders, incluindo seus colaboradores - que trabalham imersos em uma forte cultura de inovação.
A liderança na nova economia
Fenômenos como o Mundo VUCA, a Indústria 4.0 e a Era da Complexidade modelam o mundo em que vivemos hoje. Os conceitos de economia tradicional cada vez mais são deixados para trás, à medida que uma nova economia passa a florescer. Não há dúvidas de que para ser uma boa liderança nos dias de hoje, e ainda por cima liderar para a inovação, é preciso primeiro domínio sobre o funcionamento do mundo atual, bem como uma instrumentalização nas metodologias que embasam o futuro das organizações.
Quando pensamos no cooperativismo, o contexto não poderia ser diferente. Conforme comentamos em outro post, ecossistemas de inovação financeira tem florescido pelo mundo, e assim revolucionado o mercado financeiro como um todo. Em um mundo de start ups e fintechs, é preciso mais que nunca estar antenado.
Mas isso não é um motivo para desespero, e sim uma enorme oportunidade. Na era dos negócios conscientes, o propósito e a coerência é essencial - e isso já é presente amplamente no meio cooperativista, gerando um enorme potencial. Contudo, é preciso agir e transformar potencial em ação, esse primeiro passo de visão cabe às lideranças inovadoras.
Como atuam as lideranças inovadoras?
Uma vez capacitadas, as lideranças inovadoras passam a ter visão. Um olhar estratégico e inovador para como sua cooperativa pode e deve se posicionar para manter-se e expandir o seu mercado. E como trazer toda essa visão para a prática? Separamos aqui alguns pontos que consideramos essenciais.
1. Envolver as pessoas:
Na 08, acreditamos que o processo de inovação necessariamente precisa ser colaborativo. Daniel Friedland, uma referência global em lideranças conscientes possui uma citação que gostamos muito.
“As pessoas sustentam o que elas criam”
Com essa frase percebemos que quando os próprios colaboradores estão envolvidos no processo de criação da inovação (seja cultura, estratégia, ou produto), elas se empoderam e se responsabilizam por tornar suas criações perenes - independente da cobrança de seus chefes.
Diferente de ordens que vem de cima para baixo, normas e processos criados apenas pelas lideranças podem até ser aceitos, mas não geram pertencimento, e por isso só são seguidos quando existe controle e cobrança.
Assim, é importante que as lideranças compartilhem seus conhecimentos e sua visão sobre inovação. Dessa forma, elas capacitam seus colaboradores, e os engaja em fomentar cada vez mais a inovação.
2. Conhecer a Cultura de Inovação da sua empresa:
Toda cooperativa que está viva até hoje é inovadora, mesmo que não se considere. Pense a quanto tempo sua cooperativa existe e quantas vezes foi importante reinventar um processo ou produto para se manter e se tornar o que é hoje. A questão é, toda cooperativa possui o seu jeito de inovar, e isso é único de cada uma.
Uma vez que as lideranças e todos os colaboradores têm o conhecimento do seu próprio jeito de inovar, tudo fica muito mais claro na hora de pensar estratégia e implementar ações de inovação.
3. Ter um modelo de gestão de projetos que faça sentido para sua cooperativa.
Cada cooperativa possui seu jeito de atuar e é importante conhecer e implementar práticas que façam sentido para os colaboradores que estão lá. Em alguns lugares, a gestão tradicional de projetos (com métodos como PMBOK) se aplica perfeitamente ao estilo das pessoas, enquanto em outros lugares, as pessoas demandam modelos de gestão mais ágeis (como o SCRUM). E há ainda lugares que mesclam modelos existentes, podendo criar formas de trabalho e gestão específicas para as suas demandas.
Quando pensamos em projetos de inovação, esse conhecimento de como é a melhor forma da sua cooperativa gerir projetos é essencial para materializar visão em ação.
4. Co criar o mão na massa
Nada melhor quando falamos em inovação do que envolver pessoas de todas as áreas da cooperativa no processo completo, desde a capacitação, estratégia e aplicação de projetos. Assim, é gerado um senso de pertencimento coletivo, em que todos se tornam responsáveis por inovar na cooperativa.
Uma tendência em inovação é trabalhar com equipes multidisciplinares, que passam por metodologias que fomentam e fazem emergir a inteligência coletiva já existente. E o melhor, se as pessoas participam do processo todo desde o começo, há um engajamento natural ao colocar a mão na massa.
Pontos que alavancam o processo
Realmente, ser uma liderança inovadora e ainda por cima liderar todo um processo de implementação da inovação é muito empolgante, mas nem sempre é tão trivial. Por isso, separamos alguns pontos que ajudam, e muito as lideranças nesse processo.
1. Ter uma rede de apoio
Networking, a ação de relacionar-se com outras cooperativas, e benchmarking, a prática de comparar o seu processo com lugares que passaram por dificuldades semelhantes, são duas formas muito efetivas de encontrar saídas para pontos espinhosos. Compartilhar problemas e compartilhar soluções geram cooperação dentro do sistema, e alavancam o cooperativismo como um todo.
2. Mentoria com que já sabe
Nada melhor que uma ajuda qualificada de vez em quando. Possuir mentores de inovação, com experiência prática de aplicação pode ser uma luz no fim do túnel naquelas situações que parecem não ter para onde correr.